2. Que a verdade fala dentro de nós, sem estrépito de palavras
- A ALMA FIEL: Falai, Senhor, que o vosso servo escuta: Vosso
servo sou eu, daí-me inteligência para que conheça os vossos ensinamentos.
Inclinai meu coração às palavras de vossa boca; nele penetre, qual
orvalho, vosso discurso (1Rs 3,10; Sl 118.36.125; Dt 32,2). Diziam,
outrora, os filhos de Israel a Moisés: Fala-nos tu e te ouviremos;
não nos fale o Senhor, para que não morramos (Êx 20,19). Não assim,
Senhor, não assim, vos rogo eu; antes, como o profeta Samuel, humilde
e ansioso, vos suplico: Falai, Senhor, que o vosso servo escuta. Não
fale Moisés, nem algum dos profetas, mas falai-me de vós, Senhor,
Deus, que inspirastes e iluminastes todos os profetas, porque vós
podeis, sem eles, me ensinar perfeitamente, ao passo que eles, sem
vós, de nada me serviriam.
- Podem muito bem proferir palavras, mas não conseguem dar o espírito;
falam com muita elegância, mas, se vós vos calais, não inflamam o
coração. Ensinam a letra; vós, porém, explicais o sentido. Propõem
os mistérios, mas vós descobris a significação das figuras. Proclamam
os mandamentos, mas vós ajudais a cumpri-los. Mostram o caminho, mas
vós dais força para segui-lo. Eles regam a superfície, mas vós dais
a fecundidade. Eles clamam com palavras, mas vós dais a inteligência
ao ouvido.
- Não me fale, pois, Moisés, mas vós, Senhor meu Deus, Verdade eterna,
para que não morra sem ter alcançado fruto algum, se só for admoestado
por fora e não abrasado interiormente; e não seja minha condenação
a palavra ouvida e não praticada, conhecida e não amada, criada e
não observada. - Falai, pois, Senhor, que o vosso servo escuta; porque
possuís palavras de vida eterna (1 Rs 3,10; Jo 6,69). Falai-me para
consolação de minha alma e emenda de minha vida, também para louvor,
glória e perpétua honra vossa.
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