8. Da oblação de Cristo na cruz e da própria resignação
- VOZ DO AMADO: Assim como eu a mim mesmo ofereci espontaneamente
ao Pai eterno, com os braços estendidos e o corpo nu, de modo que
nada restasse em mim que não fosse oferecido em sacrifício de reconciliação
divina: assim também deves tu de coração oferecer-te voluntariamente
a mim todos os dias na Santa Missa, em oblação pura e santa, com todas
as tuas potências e afetos. Que outra coisa exijo de ti senão que
te entregues inteiramente a mim? De tudo que me deres fora de ti,
não faço caso; porque não busco teus dons, mas a ti mesmo.
- Assim como não te bastariam todas as coisas sem mim, assim me não
pode agradar o que sem ti me ofereces. Oferece-te a mim, dá-te todo
a Deus, e será aceita a tua oblação. Olha como me ofereci todo ao
Pai por ti, e dei-te todo o meu corpo e sangue em alimento, para ser
todo teu e para que tu te tornasses meu. Se, porém, te apegares a
ti mesmo, e não te ofereceres espontaneamente à minha vontade, não
será completa tua oblação, nem perfeita a união entre nós. Portanto,
a todas as tuas obras deve preceder o voluntário oferecimento de ti
mesmo nas mãos de Deus, se desejas alcançar a liberdade e a graça.
O motivo de haver tão poucos interiormente esclarecidos e livres é
que muitos não sabem abnegar-se de todo a si mesmos. É imutável minha
sentença: Quem não renunciar a tudo não poderá ser meu discípulo (Lc
14,33). Se desejas, pois, ser meu discípulo oferece-te a mim com todos
os teus afetos.
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