Nossa Senhora Aparecida

Comemoração Litúrgica - 12 de Outubro

Nossa Senhora Aparecida Imitação de Cristo

Desde o descobrimento do Brasil cultiva-se  aqui a  devoção de Nossa  Senhora. Os portugueses descobridores do país tinham-na aprendido e usado desde a  infância; os primeiros  missionários  recomendavam e propagavam-na. Aonde se fundavam cidades, construíram-se igrejas em honra de Nossa Senhora Aparecida e celebravam-se com grandes solenidades as  suas festas. Foi certamente em recompensa desta constante devoção que a Virgem Santíssima quis  estabelecer no Brasil um centro de  sua  devoção, um trono de graças, um santuário em nada inferior aos grandes  santuários de  outros países.

Data  o ano  de  1717 a  origem da  romaria de  Nossa  Senhora  Aparecida.  Três pescadores, de nome  Domingos  Garcia, João Alves e Felipe Pedroso, moradores  nas margens do rio Paraíba, no município de Guaratinguetá/SP,  estavam um dia  pescando em suas canoas, sem conseguir durante longas horas pegar peixe algum.  Lançando João Alves mais uma vez a  sua rede na altura do Porto de  Itaguaçu, retirou das águas o corpo de uma  imagem, mas sem cabeça e,  lançando mais abaixo de novo a  rede, colheu também a cabeça. Envolveu-a  em um pano e continuou a pesca. Desde aquele momento foi tão abundante a  pescaria, que  em poucos lances encheram as canoas e tiveram de suspender o trabalho para não naufragarem.  Eram certamente extraordinários  esses fatos:  O encontro da imagem, da qual nunca se soube que  a  tivesse  atirado à água, o encontro da cabeça a  qual naturalmente devia ser arrastada mais  longe pela  correnteza da água, e  além disto dificilmente podia ser colhida em rede de  pescador,  enfim, a  pesca abundante que seguiu o  encontro da imagem. Os pescadores limparam, pois, com grande  cuidado e respeito a misteriosa  figura e  com grande satisfação verificaram que era uma imagem de Nossa  Senhora da Conceição. Colocaram-na no oratório de  sua pobre morada e  diante dela  começaram a  fazer suas devoções  diárias. 

Não tardou a Virgem Santíssima a  mostrar por novos sinais que tinha escolhido essa  imagem  para distribuir favores especiais aos seus devotos. Diversas vezes as pessoas  que à noite faziam diante dela as  suas orações, viam luzes de repente apagadas e depois de um pouco reacendidas sem nenhuma intervenção humana. Logo, já não eram somente os pescadores os  que vinham rezar  diante da imagem, mas também muitas outras pessoas das vizinhanças. Construiu-se dentro em pouco um oratório e após alguns anos,  com a intervenção do  vigário da paróquia, uma capelinha. As graças que Nossa Senhora ali concedia aumentavam e  com elas  cresceu a concorrência do povo. Impunha-se a  construção de uma capela maior,  e em lugar mais elevado.   Estava ali perto o Morro dos Coqueiros, o mais vistoso de todos os  altos que margeiam o Paraíba. Ali, pois,  no cume do morro foi começada em 1743 a  construção de uma capela espaçosa, a qual foi terminada em 1745; no dia 26 de julho foi benta e celebrou-se nela a  primeira Missa. A imagem de Nossa Senhora da Conceição, já  então chamada por todos de Aparecida, estava em seu lugar definitivo e o morro que escolheu para fixar sua residência, tomou por ela seu nome. 

Aparecida tornou-se  desde então conhecida  pelos  Estados vizinhos e  por todo o Brasil. Numerosas caravanas de  romeiros vinham  mesmo de grandes  distâncias, em viagens penosas de  dias e semanas  para visitarem Nossa Senhora Aparecida, lhe renderem graças  e pedirem proteção.  O nome de Nossa Senhora  sempre foi no Brasil por todos invocado em momentos  de  aflição e perigo e sua  devoção é praticada em quase  todas as casas. 

A capela de  Nossa  Senhora Aparecida, durante o tempo,  foi por diversas  vezes reformada, tornou-se  igreja até chegar a  atual basílica. A partir de 1894, o prelado constatou número insuficiente de sacerdotes e por isso obteve a  vinda de religiosos  da Congregação Redentorista que passaram a exercer a  direção espiritual da igreja e  das romarias. 

Novo progresso  trouxe o ano jubilar de 1900, em que por iniciativa do bispo do Rio de Janeiro e do Bispo de São Paulo, foram organizadas peregrinações diocesanas e  paroquiais  ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida.  Desde então, além dos romeiros que vem sós ou em pequenos grupos, chegam anualmente em Aparecida numerosas  peregrinações chefiadas  pelo respectivo bispo ou vigário, contando com milhares de romeiros  vindos de  todos os  pontos do Brasil. 

Um grande  dia foi  para os devotos de  Nossa Senhora Aparecida  o dia 08 de  setembro de  1904  (dia de Nossa Senhora da  Imaculada Conceição),  em que a imagem  foi coroada por ordem do Santo Padre.  Assistiram à grande solenidade o Núncio Apostólico e  todo o  episcopado de diversas  regiões do Brasil, além  do presidente da República, através de seu representante.  Todo o episcopado e o povo fizeram solene  consagração a  Nossa  Senhora Aparecida com entusiásticas ovações a Nossa Senhora no momento de  sua  coroação.

Depois da coroação, o Santo Padre concedeu ao santuário de  Aparecida  mais outros favores: Ofício e missa própria de Nossa Senhora  Aparecida, indulgências  para os romeiros que vem em peregrinação  ao Santuário. Em 1908 elevou a Igreja de Nossa Senhora à dignidade de Basílica. Por esse motivo ela foi solenemente sagrada a  5 de setembro de 1909 e no ano seguinte foram nela depositados os ossos de São Vicente Mártir, trazidos de Roma com permissão do Papa. 

Nas festas e no congresso sempre se manifestou o desejo que Nossa Senhora Aparecida  fosse declarada oficialmente padroeira do Brasil e  o episcopado apresentou este desejo ao Santo Padre.  Acolheu o Papa Pio XI   favoravelmente os pedidos  dos  bispos e  dos católicos  do Brasil e, por decreto de 16 de julho de  1930 proclamou a  Virgem Aparecida Padroeira principal de todo o Brasil.

Em 1967,  ao completar-se  250 anos da devoção, o Papa Paulo VI ofereceu ao Santuário o Título de “Rosa de Ouro”,  reconhecendo a  importância da santa devoção.

Em 04 de julho de 1980,  o Papa João Paulo II, em sua histórica visita ao Brasil, consagrou  a Basílica de Nossa Senhora Aparecida em solene missa celebrada, revigorando a devoção à Santa Maria, Mãe de Deus.

No mês de maio de 2004,  o Papa João Paulo II concedeu indulgências aos devotos de Nossa Senhora Aparecida, por ocasião das comemorações do centenário da coroação da imagem e proclamação de Nossa Senhora como Padroeira do Brasil . (Veja o documento apostólico abaixo)

Indulgência cura feridas do pecado 

Aparecida - SP - O Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida recebeu um decreto do Papa João Paulo II concedendo indulgências a todas as pessoas que participarem de peregrinações, missas e orações neste ano do Centenário da Coroação da Padroeira do Brasil.

O Papa atendeu a um pedido encaminhado pelo novo arcebispo de Aparecida (SP), Dom Raymundo Damasceno Assis, que considera o fato como uma demonstração do carinho de João Paulo II por Nossa Senhora Aparecida. “O Papa concedeu um presente a todo o nosso povo católico e certamente enviará um legado seu para a solenidade da coroação de Nossa Senhora em 8 de setembro deste ano”, afirmou Dom Damasceno.

Para o reitor do Santuário Nacional, padre Joércio Gonçalves Pereira, o significado mais importante das indulgências é a cura das feridas causadas pelo pecado na alma das pessoas. “Toda a pregação do evangelho de Jesus Cristo neste Santuário leva as pessoas à penitência e à conversão. São milhares de peregrinos que, a cada ano, procuram aqui o sacramento da confissão. Por isso, é bom receber do Papa esta graça do perdão de Deus”, conclui padre Joércio. 

Segue a íntegra do decreto do Papa, lido pelo padre Darci José Nicioli, administrador do Santuário, na missa das 8h deste sábado, dia 1º de maio: 

Prot. No. 67/04/I

DECRETO

Tendo todos os fiéis brasileiros profundíssima devoção pela Beatíssima Virgem Maria, sob o título de Virgem Aparecida, e completando-se no próximo dia 8 de setembro o centésimo ano da coroação áurea de sua Imagem, conservada na Arquidiocese de Aparecida, e de sua proclamação como Rainha do Brasil, conforme autorização do Sumo Pontífice S. Pio X, o Excelentíssimo D. Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo Metropolitano de Aparecida, com louvável solicitude pastoral e com o consentimento de todos os Sagrados Antístites do Brasil, determinou que, a partir do dia primeiro de maio até o final do corrente ano de 2004, haja especiais celebrações litúrgicas e outras iniciativas pastorais: propõe-se deste modo que sejam promovidas a fé, a esperança, a caridade e demais virtudes, das quais a Beatíssima Virgem Maria brilha como o mais excelente modelo.

Por força das faculdades concedidas por especialíssimo mandado do Santíssimo Pai em Cristo João Paulo II, Papa pela Divina Providência, movido por afeição paterna pelos fiéis brasileiros, desejando propiciar mais pleno fruto destas celebrações, esta Penitenciaria Apostólica decretou conceder as Indulgências enumeradas a seguir:

1) No Santuário Mariano de Aparecida e em todas as igrejas ou oratórios sob o título de Virgem Aparecida situados dentro dos limites do Brasil:

Concede-se Indulgência Plenária aos fiéis dentro das condições costumeiras (Confissão Sacramental, Comunhão Eucarística e Oração na intenção do Sumo Pontífice) e com a mente livre de afeto por qualquer pecado, se participarem de alguma função sagrada ou pio exercício mariano, ou pelo menos recitarem devotamente a Oração Dominical e o Símbolo dos Apóstolos, acrescentando alguma piedosa invocação à Beatíssima Virgem Aparecida: nos dias 1 de maio e 31 de dezembro de 2004, nos quais haja solene abertura e clausura das celebrações aniversárias; dia 8 de setembro de 2004, no aniversário da coroação; dia 8 de dezembro de 2004, no aniversário da definição dogmática da Imaculada Conceição; cada vez que, em honra da Beatíssima Virgem Aparecida, for celebrado rito solene presidido pelo Bispo diocesano ou outro Bispo em seu nome; cada vez que individualmente ou em grupo forem em devota romaria a algum dos supra nomeados templos marianos; uma única vez, em um dia livremente escolhido pelo fiel cristão.
Os idosos, enfermos, todos os que por legítima causa não puderem sair de casa, poderão obter Indulgência plenária, contanto que com ânimo devoto se unam àqueles que realizam uma piedosa visitação ou peregrinação, detestem qualquer pecado, conforme foi dito acima, e com a intenção de, logo que for possível, realizem as três condições habituais: diante de uma imagem de N. S. Jesus Cristo ou da Beatíssima Virgem Maria, recitem devotamente a Oração do Senhor, o Símbolo da Fé e alguma prece mariana; ou ao menos, se nem isso mesmo puderem fazer, humilde e confiantemente ofereçam a Deus por Maria suas doenças e incômodos.

2) Em todos os lugares dentro dos limites do Brasil:

Os fiéis cristãos poderão lucrar Indulgência parcial cada vez que, com coração contrito, recitarem súplicas ou outros atos de piedade em honra da Virgem Aparecida; dedicarem-se a obras de misericórdia ou penitência ou evangelização propostas pelo Bispo Diocesano, invocando a Mãe de Deus sob o título de Virgem Aparecida.

O presente decreto terá valor somente durante este tempo de celebração como definido acima. Nada obstante em contrário.

Dado em Roma, na sede da Penitenciaria Apostólica, dia 31 de março de 2004.

REFLEXÕES

 Seria impossível enunciar e descrever os favores que Nossa Senhora  Aparecida já tem  concedido aos seus devotos em suas necessidades, muitas vezes mesmo milagrosos que a todos deixam admirados.  Seria igualmente impossível contar os benefícios espirituais que ela tem concedido pela conversão  de pecadores há muito afastados de Deus, pela tranqüilidade restituída a muitas consciências e  por inúmeras  outras graças  espirituais.  A devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, aprovada pela Santa Igreja e confirmada por tantos milagres, é de sumo proveito para todos, e deve ser praticada por todos os  habitantes desta terra em que é gloriosa Rainha. 

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- Na luz Perpétua,  5ª.  ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico - Juiz de Fora - Minas  Gerais,  1959.
- Site oficial da Basílica de Aparecida do Norte - http://www.santurarionacional.com.br
-Almanaque Abril 85, Edição 1985, Editora Abril - São Paulo, 1985.

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