59. Que só em Deus devemos firmar toda esperança e confiança
- A ALMA: Senhor, que confiança posso eu ter nesta vida ou
qual é minha maior consolação de tudo quanto existe debaixo do sol?
Não o sois vós, Senhor, Deus meu, cuja misericórdia é infinita? Onde
me achei bem sem vós, ou quando passei mal, estando vós presente?
Antes quero ser pobre por vós, que rico sem vós. Prefiro peregrinar
convosco na terra, que sem vós possuir o céu. Onde vós estais, aí
está o céu; e lá existe a morte e o inferno, onde vós não estais.
Vós sois o alvo de meus desejos, por isso por vós devo gemer, clamar
e orar. Em ninguém, finalmente, posso plenamente confiar que me dê
auxílio oportuno em minhas necessidades, senão em vós só, meu Deus.
Vós sois minha esperança, vós minha confiança, vós meu consolador
fidelíssimo em todas as coisas.
- Todos buscam os seus interesses; vós, porém, só tendes em vista minha
salvação e aproveitamento, e tudo converteis em bem para mim. Ainda
quando me sujeitais a várias tentações e adversidades, tudo isso ordenais
para meu proveito, pois de mil modos costumais provar os vossos amigos.
E nessas provações não menos vos devo amar e louvar, como se me enchêsseis
de celestiais consolações.
- Em vós, portanto, Senhor meu Deus, é que ponho toda a minha esperança
e refúgio; a vós entrego todas as minhas tribulações e angústias;
porque tudo quanto vejo fora de vós acho fraco e inconstante. Nada
me aproveitam os muitos amigos, nem me poderão ajudar os homens, nem
os prudentes conselheiros me darão conselho útil, nem os livros dos
sábios me poderão consolar, nem qualquer tesouro precioso me poderá
salvar, nem algum retiro delicioso me proteger, se vós mesmo não me
assistis, ajudais, confortais, consolais, instruís e defendeis.
- Pois tudo que parece próprio para alcançar a paz e a felicidade nada
é sem vós, nem pode trazer-nos a verdadeira felicidade. Vós sois,
pois, o remate de todos os bens, a plenitude da vida, o abismo da
ciência; esperar em vós acima de tudo é a maior das consolações dos
vossos servos. A ti, Senhor, levanto os meus olhos, em vós confio,
Deus meu, Pai de misericórdia! Abençoai e santificai minha alma com
a bênção celestial para que seja vossa santa morada, o trono de vossa
eterna glória, e nada se encontre nesse tempo da vossa divindade que
possa ofender os olhos de vossa majestade. Olhai para mim segundo
a grandeza de vossa bondade e a multidão de vossas misericórdias e
ouvi a oração do vosso pobre servo desterrado tão longe, na sombria
região da morte. Protegei e conservai a alma do vosso mísero servo
entre os muitos perigos desta vida corruptível, e com a assistência
de vossa graça guiai-o pelo caminho da paz à pátria da perpétua claridade.
Amém.
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